CAPA CAFE 6X1

Café com Direitos Humanos discute os impactos da jornada 6x1 na vida do trabalhador/a

On 05/26/25 17:10 . Updated at 05/31/25 00:56 .

Encontro aconteceu no dia 20/05, na área VII da PUC-GO, e apresentou diferentes pontos de vista sobre a escala 6x1

CAPA CAFE 6X1

A 2ª edição do Café com Direitos Humanos de 2025 reuniu vozes e vivências para discutir os impactos da jornada 6x1 na vida de trabalhadoras e trabalhadores. A falta de tempo para o descanso, o afastamento da família, o adoecimento do corpo e da alma foram algumas das dores compartilhadas por quem, seis dias por semana, entrega seu tempo — e muitas vezes sua saúde — à exaustão de um modelo de trabalho que rouba mais do que devolve. O encontro, realizado na terça-feira (20/05), na Área VII da PUC-GO, é uma iniciativa do Instituto Brasil Central — IBRACE e do Centro de Juventude Cajueiro, com apoio de instituições como o Núcleo de Direitos Humanos (NDH/UFG).

Após o lanche e a apresentação de todos os presentes, a abertura foi feita através da leitura de um poema autoral escrito por Leonardo Alves de Figueiredo, ao som de Chico Buarque, dialogando com a temática da noite. A advogada Gabriella Mendonça Loures Borges também esclareceu a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 8/25, explicando os pontos da proposta apresentada pela deputada Erika Hilton (PSOL), antecedendo os debates sobre o assunto. 

Daiana, do acampamento Arca D’Aliança, trouxe à luz uma vertente muitas vezes pouco discutida: as mães que fazem parte da escala 6x1, precisando conciliar a rotina entre cuidar dos filhos, da casa e também do trabalho: “Nessa jornada, nós que somos mães, donas de casa, esposas… É uma jornada complicada. Muitas mulheres deixam de fazer uma faculdade […] Às vezes aceitam muitos trabalhos que são de valores mais baixo porque não conseguem acompanhar o mercado, se qualificar ou fazer um curso.“

TEXTO 1 CAFÉ 6X1

Raimunda compartilhou sua experiência trabalhando na escala, desabafando sobre até mesmo não ter direito ao adoecimento: “Trabalhei um bom tempo [em 6x1]. A gente não tem dia certo pra ter folga, é um dia que der a escala deles. Eu me sentia como uma robô. Quando a gente adoece, a gente não tem direito à remédio, a um tratamento, a uma consulta médica […] Isso é um descaso com todos que trabalham assim.”

Após terem contato com as vivências de outras pessoas, os presentes se dividiram em grupos para responder a pergunta “Por que o/a trabalhador/a não pode descansar?”, refletindo e compartilhando diferentes pontos de vista. Com as respostas em mãos, um integrante de cada roda pôde ir à frente contar sobre as respostas que obtiveram. 

TEXTO 2 CAFÉ 6X1

Ao fim da noite, entre reflexões partilhadas, ficou a certeza de que descansar também é um direito — e que falar sobre isso é urgente. O Café com Direitos Humanos segue sua caminhada: o próximo encontro, em formato itinerante, deve acontecer no Jardim Itaipu, em data a ser confirmada. Com o compromisso de manter viva a escuta e o debate sobre temas que atravessam a dignidade e os direitos de cada ser humano, o projeto continua semeando espaços de voz, memória e transformação.

 

Texto: Gustavo Martins